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A defesa antiaérea (pré-AO 1990: defesa anti-aérea) consiste no empenhamento sobre aeronaves e misseis hostis, para defesa de pontos e zonas sensíveis de superfície, para defesa de forças terrestres ou navais, para interdição de um espaço aéreo condicionado ou para interdição de um espaço aéreo em zona de combate.
A defesa antiaérea também é designada como "defesa contra aeronaves" ou "DCA". No âmbito naval, é normalmente designada "luta antiaérea" ou "AAW" (sigla de "anti-aircraft warfare") e no âmbito aeronáutico é designada "defesa aérea". A vertente da artilharia vocacionada para a defesa antiaérea é conhecida por "artilharia antiaérea", "AA", "AAA", "artilharia contra aeronaves" ou "artilharia de defesa aérea". Internacionalmente, a artilharia antiaérea também é conhecida pelos termos "Flak" (abreviatura do termo alemão: "Fliegerabwehrkanone", significando "canhão de defesa aérea"), "triple-A" (termo norte-americano referindo-se à sigla "AAA") e "ack-ack" (termo britânico, significando "AA" no código fonético da Primeira Guerra Mundial).
Desde a introdução da aviação militar, sobretudo a partir da Primeira Guerra Mundial, que os meios de defesa antiaérea foram incluindo metralhadoras, peças antiaéreas, balões de barragem e aviões de caça, todos estes auxiliados por sistemas de referenciação, incluindo fonolocalizadores, projetores de luz e radares. Durante o decorrer do século XX, os sistemas de defesa antiaérea foram crescendo em termos de poder e de precisão, particularmente a partir da introdução dos mísseis superfície-ar e das peças antiaéreas autopropulsadas.
Sistemas de defesa antiaérea
A defesa antiaérea inclui sistemas de armas, integrados com sistemas de aquisição de objetivos. Por um lado, existem os sistemas HIMAD, vocacionados para defesa antiaérea de áreas amplas contra ameaças aéreas a alta e média altitude e por outro existem os sistemas SHORAD, vocacionados para a defesa de pontos sensíveis contra ameaças a baixa e muito baixa altitude.
Até pouco depois da Segunda Guerra Mundial a defesa contra aeronaves a alta e média altitude era realizada com peças de artilharia de calibre superior a 80 mm. Os projéteis disparados por estas armas incluíam, normalmente, diferentes tipos de espoletas especiais – incluindo as barométicas, as de tempo e as de aproximação – projetadas para os detonar no melhor momento de modo a que os seus estilhaços atingissem a zona onde se encontra a aeronave.
Hoje em dia, esta função é desempenhada quase inteiramente por sistemas de mísseis superfície-ar (SAM) de longo alcance, introduzidos em grande escala a partir da década de 1950. Estes mísseis podem ser lançados a partir de bases fixas ou de lançadores móveis.
Para defesa de pontos contra aeronaves a baixa e muito baixa altitude, é necessário um tipo de arma mais ligeira, dispondo de uma cadência de tiro mais elevada para aumentar a probabilidade de atingir um alvo aéreo em grande velocidade. Nesta função têm sido bastante utilizados os canhões automáticos com calibres entre os 20 mm e os 40 mm. Armas menores (tipicamente metralhadoras de 12,7 mm) também têm sido usadas. Ao contrário das armas pesadas, as armas ligeiras têm uma utilização generalizada devido ao seu baixo custo e à sua capacidade de acompanhamento rápido do objetivo. Uma variante deste tipo de armas são os canhões rotativos de sistema Gatling, orientados automaticamente por radar, bastante utilizados para defesa antiaérea a curta distância de navios de guerra.
Os canhões automáticos antiaéreos têm sido substituídos por sistemas móveis de lançamento de SAM de curto alcance. Estes sistemas são frequentemente montados em veículos blindados, podendo fornecer proteção as unidades de manobra de infantaria e de carros de combate no campo de batalha. A partir do final da década de 1960, além daqueles, também foram desenvolvidos sistemas portáteis de lançamento de mísseis SAM (MANPAD) que assumiram as funções de defesa antiaérea imediata das tropas terrestres que antes eram desempenhadas por metralhadoras AA.
Além de ser efectuada partir da superfície, a defesa aérea também pode ser realizada a partir do próprio ar, através do uso de interceptores. Um interceptor é um tipo de avião de caça concebido especialmente para interceptar e abater aeronaves inimigas (especialmente bombardeiros) baseando-se, normalmente, na sua capacidade de atingir uma grande velocidade e uma grande altitude. Este tipo de aeronave diferencia-se assim dos restantes caças pela sua menor autonomia e capacidade de transporte de armamento, sacrificadas em detrimento da sua elevada velocidade. Vários modelos de interceptores, como o Lightning, o F-102, o F-106 e o MiG-25, foram desenvolvidos entre o final da Segunda Guerra Mundial e o final da década de 1960. A partir daí, tornaram-se menos importantes devido à transferência das missões dos bombardeiros estratégicos para os mísseis balísticos intercontinentais.
A aquisição de objetivos até pouco depois da Segunda Guerra Mundial era realizada por fonolocalizadores, por projetores de luz (em ambiente nocturno) e por radar. Hoje em dia, resume-se praticamente a este último sistema. Os sistemas de radar usam ondas eletromagnéticas para obter as informações sobre a distância, a altitude, a direção e a velocidade de um alvo aéreo, bem como as informações sobre condições meteorológicas, necessárias às operações de defesa antiaérea. Em termos funcionais, os radares de defesa aérea desempenham funções de vigilância, de aviso local, de conduta de tiro, de controlo de tráfego aéreo e de meteorologia. Estas funções podem ser executadas por radares diferentes, ou várias delas serem executadas pelo mesmo radar. A aquisição de objetivos para os mísseis superfície-ar - exceptuando para os MANPAD - é, normalmente, realizada por um radar de vigilância que orienta para o alvo o sistema de guiamento do míssil até este se fixar sobre aquele. Antes do empenhamento, os potenciais alvos, especialmente as aeronaves militares, podem ser identificados através de um sistema IFF (identificação de amigo ou inimigo).
História
Primórdios
A defesa antiaérea nasceu com o início do uso militar da aeronáutica. Pensa-se que o primeiro empenhamento de artilharia antiaérea ocorreu a 26 de junho de 1794, quando as tropas austríacas, que sitiavam a fortaleza francesa de Maubert, tentaram abater o balão L'Entrepenant usado pelos sitiados para observarem o inimigo.
Em 1849, dá-se o primeiro bombardeamento aéreo da história, quando são lançadas bombas à mão sobre Veneza, a partir de balões usados pelas tropas austríacas que sitiavam a cidade.
Durante a Guerra Civil Americana, o uso de balões pelas forças federais dos EUA, obrigou as forças confederadas a terem que desenvolver métodos de os combater. Os métodos utilizados incluíram o uso de artilharia, de armas ligeiras e da sabotagem.
A primeira utilização conhecida de armas especialmente concebidas para a função antiaérea ocorreu durante a Guerra Franco-Prussiana de 1870. Depois da derrota do Exército Francês em Sedan, Paris foi sitiada pelos prussianos, obrigando as forças francesas no exterior da cidade a tentar reabastecê-la através de balões. A Krupp desenvolveu então o ballonkanone, um canhão especialmente concebido para abater aqueles balões, constituído por uma peça modificada de 32 mm, montada sobre um atrelado puxado por cavalos.
Primeira Guerra Mundial
Tendo em conta aquela história inicial, não é talvez surpreendente que tenha sido apenas na Alemanha que o desenvolvimento de armas antiaéreas tenha continuado. Em 1909, foram apresentados vários projetos da Krupp, incluindo adaptações das suas peças de 65 mm, de 75 mm e até de 105 mm. Por altura do início da Primeira Guerra Mundial, a peça antiaérea de 75 mm tinha-se tornado na arma antiaérea padrão alemã, vindo montada numa travessa larga que poderia ser facilmente atrelada a um vagão para ser movida.
Os outros países, aparentemente, ignoraram largamente a possibilidade das aeronaves se tornarem num importante meio de combate. Isto mudou quando os aviões de reconhecimento alemães que começaram a orientar o fogo de artilharia, tornando-o cada vez mais preciso. Depressa, todos os exércitos começaram a empenhar um certo número de armas antiaéreas, normalmente resultando de adaptações rápidas e transitórias das suas peças de artilharia de campanha de menor calibre, como a peça francesa de 75 mm e a russa de 76,2 mm. Normalmente, a adaptação rápida de uma peça de campanha a arma antiaérea consistia apenas em colocá-la apoiada sobre um aterro inclinado, de modo a ficar apontada para o céu. O Exército Britânico, contudo, decidiu-se pelo desenvolvimento de uma arma específica antiaérea, passando a empregar a peça de tiro rápido QF de 3 polegadas (76 mm), que se tornou talvez na melhor da época. Por essa altura o Exército Alemão desenvolveu talvez o primeiro canhão automático antiaéreo, que ficou conhecido pela "cebola flamejante", devido às granadas que lançava para o ar. Este canhão resultou da adaptação de um canhão-revólver de cinco canos que disparava rajadas de projéteis de 37 mm.
Em geral, estas soluções as-hoc revelaram-se de pouca utilidade. Com pouca experiência na função e sem meios de verificar a precisão dos seus tiros, os artilheiros mostraram-se incapazes de obter a altitude correta das aeronaves e a maior parte dos projéteis disparados acabava por cair bem abaixo do seu objetivo. A exceção a isto eram as armas encarregues de proteger os balões de observação, que podiam verificar a altitude com bastante precisão, baseando-se no comprimento do cabo que segurava o balão. As peças de 75 mm Krupp forma, mais tarde, fornecidas com sistemas de miras ópticas que melhoraram as suas capacidades, mas estes sistemas não foram distribuídos de forma generalizada.
À medida que as aeronaves começaram a ser empregues em missões táticas contra objetivos no solo, as anteriormente referidas peças de artilharia mostraram-se demasiado grandes e pesadas para serem apontadas rapidamente contra aviões passando a grande velocidade. Depressa as várias forças começaram a empregar vários tipos de metralhadoras montadas em pedestais. Os Britânicos introduziram uma arma mais pesada, a sua peça de tiro rápido de 1 libra QF - uma versão da metralhadora Maxim de 37 mm, montada num reparo elevado - que ficou conhecida como a "Pom-Pom" pelo som que produzia a disparar. Este tipo de armas de curto alcance mostrou-se mais mortífera, levando ao abate de inúmeras aeronaves, entre as quais a do ás alemão, o Barão Vermelho. Os Alemães utilizaram uma sua versão da Pom-Pom, a Maxim FlaMG 14.
Quando a Guerra terminou, era claro que as crescentes capacidades das aeronaves iriam obrigar a uma tentativa mais séria para as abater. Apesar disso, o caminho a percorrer já tinha sido traçado: as armas antiaéreas seriam baseadas em armas pesadas quando se destinassem a empenhar-se em objetivos a alta altitude e em armas mais ligeiras quando se destinassem a objetivos a baixa altitude.
Em apoio da artilharia antiaérea, como meio de referenciar aeronaves durante ataques noturnos desenvolveu-se a prática de utilizar projetores de luz apontados para os objetivos aéreos.
Entretanto, como forma de detecção e de localização de objetivos aéreos a longas distâncias foi desenvolvida, sobretudo pelos Britânicos, a fono-localização, que utilizava as ondas sonoras emitidas pelas aeronaves. Ao longo das costas do Reino Unido foi instalada uma rede de espelhos acústicos construídos em concreto, que focalizavam as ondas sonoras sobre um microfone, permitindo detectar a aproximação de ameaças aéreas, bem como o seu alcance e direção de voo. O sistema acabaria por ser aperfeiçoado, sendo desenvolvidos fono-localizadores móveis, utilizados até à Segunda Guerra Mundial.
Período entre guerras
A Primeira Guerra Mundial provou que a aeronave era uma componente importante do campo de batalha. À medida que as capacidades das aeronaves melhoravam, especialmente no que toca aos seus motores, tornou-se claro que o seu papel no combate futuro seria ainda mais crítico à medida que iam sendo capazes de transportar cada vez mais armamento. Muitos sentiam que as altas velocidades e altitudes irão tornar inúteis os sistemas de defesa antiaérea, desenvolvendo poucos esforços para os aperfeiçoar. Mais uma vez, apenas a Alemanha considerou seriamente o que fazer neste aspecto, com alguma antecedência antes da guerra começar. Os Alemães desenvolveram uma série de novas armas antiaéreas no final da década de 1920 e no início da de 1930, frequentemente em colaboração com empresas suíças e suecas. Nomeadamente, foram desenvolvidas as novas peças de tiro rápido de 20 mm para baixas altitudes e de 37 mm para baixas e médias altitudes.
No final da década de 1920, a Marinha da Suécia tinha solicitado, à empresa , o desenvolvimento de uma peça naval antiaérea de 40 mm. A nova arma provou ser leve, rápida e confiável, sendo logo desenvolvida uma sua versão montada num atrelado de quatro rodas. Conhecida como "Bofors de 40 mm", acabou por ser adaptada por 17 diferentes países ainda antes do início da Segunda Guerra Mundial, mantendo-se ainda hoje em serviço.
Em meados da década de 1930, o calibre de 20 mm foi considerado como sendo pouco potente contra os aviões cada vez mais rápidos, mas, em vez de introduzir uma arma nova, a Krupp conseguiu juntar quatro das já existentes peças daquele calibre, montando-as num único reparo com, aproximadamente o mesmo peso. Esta solução aumentou o poder de fogo o suficiente para tornar desnecessária uma mudança imediata para uma arma de calibre maior.
Antes da Segunda Guerra Mundial, o Reino Unido tinha seguido a sabedoria convencional de que "o bombardeiro iria sempre conseguir passar", não despendendo muito esforço na defesa antiaérea. A introdução do radar perturbou tanto esta sabedoria convencional que, a partir de meados da década de 1930, foi feito em enorme esforço para o aperfeiçoamento de todas as armas antiaéreas. Até esta altura, os Britânicos tinham-se apoiado nas suas peças de 3 polegadas (75 mm) da época da Primeira Guerra Mundial, mas estas estavam já claramente desatualizadas e uma nova peça de tiro rápido QF de 3,75 polegadas (94 mm), equipada com sistemas de miras ópticas, foi introduzida.
Segunda Guerra Mundial
As necessidades alemãs de defesa contra aeronaves a alta altitude iria ser, originalmente, preenchidas por uma peça de 75 mm da Krupp, concebida em colaboração com a sueca Bofors, mas as especificações foram, mais tarde, corrigidas no sentido de exigirem desempenhos muito mais elevados. Em resposta, os engenheiros da Krupp apresentaram o novo canhão de 88 mm Flak 36. O "oitenta e oito" - como ficou conhecido - iria tornar-se numa das mais famosas peças de artilharia da história. Usado pela primeira vez na Guerra Civil de Espanha, a peça iria provar ser uma das melhores armas antiaéreas do mundo. Posteriormente seria também usada na função anticarro, mostrando-se mortífera contra carros de combate ligeiros e médios.
Depois da Operação Chastise - levada a cabo pela Royal Air Force contra as represas alemãs do rio Ruhr, em 1943 - foi desenvolvido um sistema inteiramente novo, necessário para neutralizar qualquer aeronave em voo a baixa altitude com um único tiro. A primeira tentativa de produzir um sistema desses, utilizou uma peça de 50 mm, mas esta mostrou-se pouco precisa e foi substituída por uma nova peça de 55 mm. O novo sistema dispunha de um controle centralizado que incluía tanto radar de busca como de controle de tiro, que prediziam o ponto para onde as armas deveriam apontar, considerando os dados do vento e da balística, enviando então comandos elétricos para as armas, que utilizavam sistemas hidráulicos para se apontarem rapidamente. Os serventes tinham apenas que carregar as armas e selecionar os alvos. Este sistema, moderno até para os padrões atuais, estava em desenvolvimento avançado quando a Guerra terminou.
Entretanto, os Aliados já tinham obtido licenças de fabrico da peça de 40 mm Bofors e colocaram-na ao seu serviço. Esta arma tinha a potência necessária para abater aeronaves de qualquer tamanho, mas era suficientemente leve para dispor de uma grande mobilidade. A peça tornou-se tão importante para o esforço de guerra britânico que até foi produzido um filme sobre ela - chamado "The Gun" - no sentido de encorajar os trabalhadores das suas linhas de montagem a trabalharem mais arduamente. Os projetos da arma, em medidas imperiais, desenvolvidos pelos Britânicos, foram fornecidos aos Norte Americanos, que produziram a sua própria cópia (inicialmente, não licenciada) da Bofors de 40 mm.
Contudo, a experiência em serviço revelou outros problemas, o da determinação do alcance e o do rastreamento dos novos alvos a altas velocidades ser quase impossível. Até então, a pontaria contra alvos a curta distância era feita manualmente, enquanto que a pontaria contra a alvos a longa distância era feito mecanicamente através do uso de limbos e tambores graduados. No entanto, para as distância e as velocidades com as quais a Bofors de 40 mm trabalhava, nenhuma das soluções se mostrava adequada. A solução encontrada pelos Britânicos foi a automação, sob a forma de um computador mecânico: o preditor Kerrisson. Os operadores mantinham-no apontado ao objetivo e o preditor calculava então automaticamente o ponto de pontaria e indicava-o sob a forma de um ponteiro montado na arma. Os serventes da arma apenas tinham que seguir o ponteiro e carregar as munições. O preditor Kerrison era extremamente simples, mas indicou o caminho a seguir para futuras gerações de preditores que incorporariam radares, inicialmente para determinação do alcance e, depois, para perseguição dos objetivos. sistemas semelhantes de preditores foram introduzidos pelos Alemães, os quais, mais tarde também incorporaram radares.
Apesar de terem recebido pouca atenção, os sistemas de defesa antiaérea do Exército dos EUA mostraram-se bastante eficazes. As suas pequenas necessidades táticas eram preenchidas com metralhadoras Browning M2 de calibre .50 montadas num reparo quádruplo, formando o sistema conhecido por "Quad Fifty", que era frequentemente montado na traseira de um blindado semilagarta, formando o Veículo Blindado Antiaéreo M16 GMC. Apesar de menos potente que os sistemas alemães de 20 mm, as quatro ou cinco baterias de um típico batalhão de AAA do Exército dos EUA estavam, frequentemente, espalhadas por vários quilómetros, podendo fornecer defesa antiaérea às unidades de combate terrestre. Os batalhões de AAA também eram empregados para supressão de objetivos terrestres. As suas maiores peças de 90 mm M3 iriam provar ser também excelentes armas anticarro - tal como o oitenta e oito alemão - sendo largamente empregues nesta função na fase mais avançada da Guerra. Também disponível para os Norte Americanos, estava a sua peça de 120 mm M1, conhecida por "Stratosphere Gun" em virtude de sua impressionante capacidade de alcance vertical de cerca de 18 000 m, que fazia dela a mais poderosa arma antiaérea do mundo. No entanto, nunca existiu nenhuma oportunidade para empenhá-la em situações reais. Tanto esta peça como a de 90 mm iriam manter-se em serviço até à década de 1950.
Para defesa antiaérea, os Alemães também construíram as Flaktürme (torres Flak), que consistiam em maciços blocausses de concreto reforçado, alguns deles com mais de seis pisos de altura, que serviam de abrigo antibomba e no topo dos quais era colocada artilharia antiaérea. As torres Flak situadas nas cidades atacadas pelas forças terrestres aliadas acabaram por se transformar em verdadeiras fortalezas, nomeadamente várias de Berlim acabaram por se tornarem nos últimos edifícios a cair frente aos soviéticos durante a batalha pela cidade em 1945. Os Britânicos construíram plataformas antiaéreas no mar, a maioria das quais no estuário do Tâmisa, que consistiam em torres no topo das quais eram montadas armas e radares de AAA. Estas torres foram abandonadas depois da Guerra mas, uma vez que estavam em águas internacionais, ganharam, mais tarde uma nova vida como estações de rádio-pirata e uma delas até foi transformada num pseudo-estado independente, o Principado de Sealand.
Durante a Segunda Guerra Mundial também começou a utilização de projéteis de propulsão a foguete para o abate de aeronaves. Os Britânicos iniciaram a utilização de um foguete não guiado, o RP de 2 polegadas, disparado em grande número a partir das chamadas "baterias Z". O disparo de um destes engenhos durante um ataque aéreo a Londres é o principal suspeito da causa do desastre da estação de metropolitano de Bethnal Green, em 1943, resultante do pânico criado na multidão pelas explosões daquela arma desconhecida, causando mais de 170 mortos. No final da Guerra, os Britânicos tinham já desenvolvido o míssil guiado superfície-ar Stooge, que iria ser lançado a partir de navios da Royal Navy em defesa contra os ataques dos kamikazes japoneses. Os Alemães também investiram bastante em vários projetos de mísseis antiaéreos, mas nenhum deles estava pronto para o serviço antes do fim da Guerra. Destes, destaca-se o Wasserfall, baseado numa V-2 reduzida, que seria particularmente potente e mortífero se os seus sistemas eletrônicos tivessem atingido a maturidade.
Outro aspecto da defesa antiaérea foi a utilização dos balões de barragem, empregues para atuarem como obstáculos físicos, inicialmente contra bombardeiros estratégicos em proteção de cidades e, mais tarde, contra aviões de ataque ao solo na proteção de forças de superfície, como era o caso da frota invasora no Desembarque da Normandia. Os balões de barragem consistiam em dirigíveis não rígidos (blimps) presos ao solo por cabos de aço e funcionavam de duas formas. Em primeiro lugar, eles próprios e os seus cabos constituíam uma ameaça para qualquer aeronave que tentasse voar entre eles. Em segundo lugar, ao tentarem evitar os balões, os bombardeiros eram forçados a subir para uma altitude superior, que era mais favorável para as armas antiaéreas. Os balões de barragem, no entanto, sendo essencialmente armas passivas e imóveis tinham uma aplicação limitada.
Pós Guerra
A análise realizada no Pós-guerra demonstrou que, mesmo com os modernos sistemas antiaéreos empregues por ambos os lados, a grande maioria dos bombardeiros iria conseguir atingir os seus objetivos em 90 % dos casos. Se isto já era grave durante a Guerra, a introdução da bomba nuclear piorou consideravelmente a situação. Agora, até um único bombardeiro conseguir chegar ao objetivo seria considerado inaceitável.
Os desenvolvimentos realizados iniciados ainda durante a Segunda Guerra Mundial continuaram durante um curto período depois do fim desta. em particular, o Exército dos EUA estabeleceu uma enorme rede de defesa antiaérea à volta das maiores cidades do país, baseada em peças AA de 90 mm e de 120 mm orientadas por radar. No entanto, dado o insucesso geral do empenhamento das peças AA mesmo apenas contra bombardeiros de propulsão a hélice, tornou-se claro que qualquer defesa antiaérea iria ter que se basear inteiramente em aviões de intercepção. Apesar disto, os esforços norte-americanos continuaram até à década de 1950, com o desenvolvimento da peça AA de 75 mm M51 Skysweeper, que consistia num sistema totalmente automatizado, incluindo radar, computadores, fonte de energia e uma arma automática, montados numa plataforma única. O Skysweeper substituiu todas as peças de menor calibre em uso no Exército dos EUA, inclusive a Bofors de 40 mm.
As coisas mudaram com a generalização o uso do míssil guiado antiaéreo, atualmente conhecido por "SAM". Apesar da Alemanha ter tentado desesperadamente introduzir o míssil antiaéreo durante a Guerra, nenhum deles estava pronto para entrar em serviço e, mesmo que estivesse, as contramedidas aliadas provavelmente conseguiriam neutralizá-los. Contudo, depois de alguns anos de desenvolvimento, estes sistemas atingiram a maturidade transformando-se em armas práticas. Os EUA iniciaram uma atualização das suas defesas, empregando mísseis MIM-3 Nike Ajax a partir de 1953 e, logo depois, desapareceram as peças AA de maior calibre. Os mesmo aconteceu na União Soviética, com a introdução do seu sistema míssil S-75 Dvina (designado "SA-2 Guideline" pela OTAN) em 1957.
A medida que este processo continuava, o míssil apanhou-se a ser usado para um cada vez maior número das funções anteriormente preenchidas pelas peças AA. As primeiras a ir foram as peças pesadas, substituídas por sistemas de mísseis igualmente pesados, mas com muito maior desempenho que aquelas. Depressa se seguiram os sistemas de mísseis mais ligeiros, que se tornaram suficientemente pequenos para serem montados em chassis de carros de combate e de outros blindados. Estes começaram a complementar os similares sistemas auto-propulsados de peças AA a partir da década de 1960, acabando por os substituir quase completamente na maioria dos exércitos modernos da atualidade. Os mísseis AA portáteis (MANPAD), como o soviético 9K32 Strela-2 e o norte-americano FIM-43 Redeye, foram inicialmente introduzidos na década de 1960 e suplantaram ou mesmo substituíram até as metralhadoras AA nas forças armadas mais avançadas.
A Guerra na Ossétia do Sul em 2008 foi a primeira ocasião da história em que o poder aéreo teve que enfrentar a nova geração dos mísseis SAM como o sistema russo Buk-M1, que tinha sido desenvolvido na década de 1980. Em todos os conflitos anteriores, inclusive os do Iraque e do Kosovo, os sistemas de defesa antiaérea utilizados tinham sido concebidos ainda nas décadas de 1950 e de 1960.
Desenvolvimentos futuros
Se a tendência atual continuar, os mísseis irão substituir completamente os sistemas canhão no serviço da primeira linha. Os canhões estão a ser, cada vez mais, empurrados para funções especializadas como o sistema neerlandêss Goalkeeper que usa um canhão rotativo Gatling GAU-8 Avenger de sete tubos de 30 mm ou o sistema norte-americano Phalanx CIWS que usa um canhão rotativo M61 Vulcan de seis canos de 20 mm, com com uma cadência de até 4 500 tiros por minuto, que constituem a última barreira contra ataques de mísseis e de aeronaves nos navios de guerra onde estão instalados. No entanto, até estas armas, consideradas até há bem pouco tempo armas de primeira classe, estão a ser substituídas por um novo sistema míssil, o RIM-116 Rolling Airframe Missile, que é menor, mais rápido e permite a correção da trajetória durante o voo (guiamento), de modo a assegurar um acerto em cheio no objetivo.
Prejudicando a transformação para sistemas totalmente baseados em mísseis está o desenvolvimento das aeronaves furtivas. A pontaria dos mísseis de longo alcance depende da detecção a longas distâncias. Os projetos furtivos reduziram tanto a capacidade de alcance dos sistemas de detecção que as aeronaves nunca chegam a ser vistas e quando o são, normalmente é demasiado tarde para as interceptar. Os sistemas de detecção e de perseguição de aeronaves furtivas são um dos maiores problemas para o desenvolvimento da defesa antiaérea.
Outro sistema de armas potencial para uso antiaéreo é o laser. Apesar dos projetistas aeronáuticos terem imaginado o uso de lasers em combate, desde o final da década de 1960, apenas os sistemas laser mais modernos estão correntemente a atingir o que pode ser considerada uma "utilidade experimental". Em particular, o Sistema THEL (Laser Tático de Alta Energia) pode ser usado na função antiaérea e antimíssil.
O futuro das armas de lançamento de projéteis pode estar na railgun (arma de carril) cujo teste está em curso em sistemas que podem provocar danos tão grandes como os provocados por um míssil Tomahawk, mas por apenas uma fração do custo. Em fevereiro de 2008, a Marinha dos EUA testou uma arma de carril magnético, que disparou uma granada a 9 000 (km/h), usando 10 megajoule de energia. O seu desempenho excepcional pode atingir os 21 000 km/h de velocidade à saída da boca do cano, com uma precisão suficiente para atingir em cheio um objetivo de 5 metros a mais de 200 milhas náuticas (370 km) de distância, mantendo uma cadência de 10 tiros por minuto. Espera-se que esteja operacional entre 2020 e 2025. Estes sistemas, apesar de estarem correntemente concebidos para atingir objetivos estáticos, apenas necessitariam da possibilidade de serem facilmente reajustáveis para se tornarem na próxima geração de sistemas de defesa antiaérea.
Organização da defesa antiaérea
A maioria das forças armadas dos países ocidentais, integra a defesa antiaérea dentro dos seus três ramos tradicionais (exército, marinha e força aérea). Neste caso, cada ramo das forças armadas dispõe dos seus próprios meios de defesa antiaérea necessários para a auto proteção das suas forças e instalações. Já no que diz respeito à defesa antiaérea estratégica, conforme a doutrina militar do país, pode estar inteiramente atribuída à força aérea ou estar dividida entre esta e o exército. Neste último caso, à força aérea compete operar os aviões de defesa aérea e ao exército compete operar as armas superfície-ar.
Em outros países - sobretudo em vários ligados ou influenciados pelo antigo Pacto de Varsóvia - a defesa antiaérea constitui um ramo independente das forças armadas, ao nível do exército, da marinha e da força aérea. Por exemplo, isso acontecia nas forças armadas da antiga União Soviética e ainda acontece atualmente nas forças armadas do Egito. Nestes países, a grande maioria dos aviões de intercepção, dos mísseis superfície-ar, dos sistemas de detecção e alerta e dos outros meios de defesa antiaérea - que noutras forças armadas estariam dispersos pelos vários ramos - estão concentrados na força de defesa aérea independente. Os restantes ramos das forças armadas apenas mantêm alguns meios de defesa antiaérea próxima para autoproteção das suas próprias forças.
Luta antiaérea nas marinhas
Virtualmente, todos os navios de guerra modernos dispõem de sistemas de armas antiaéreas para sua autodefesa, mais ou menos avançados. As embarcações de menor deslocamento, tipicamente, dispõem de metralhadoras ou de reparos automáticos AA que - se orientados por um sistema de controlo de tiro por radar, infravermelhos ou laser - podem ser letais contra aeronaves em voo a baixa ou muito baixa altitude. Os navios de maiores dimensões (como fragatas, contratorpedeiros e por diante) estão normalmente equipados com sistemas de mísseis superfície-ar (SAM) como defesa antiaérea avançada, complementados com sistemas de canhão rotativo orientado por radar (CIWS) como defesa próxima de último recurso. As peças de artilharia naval antissuperfície, normalmente também podem desempenhar a função de defesa antiaérea.
Também, alguns submarinos modernos estão equipados com sistemas de mísseis superfície-ar, capazes de os defenderem contra helicópteros e aviões de luta antissubmarina.
As marinhas dispõem também de navios especializados na luta antiaérea, armados com sistemas AA capazes não só de assegurar a sua própria defesa, mas também a de forças-tarefas navais ou a de comboios de navios mercantes. Por exemplo, os contratorpedeiros e cruzadores antiaéreos de várias marinhas baseiam-se no Sistema de Combate Aegis, que integra sistemas de armas e radares de luta antiaérea, tornando-os numa enorme ameaça contra as aeronaves e mísseis hostis. Os grandes porta-aviões podem ainda transportar caças navais e aviões de alerta antecipado (AWACS) capazes de detectarem e de interceptarem as aeronaves inimigas que constituam ameaça para si e para os seus grupos de batalha.
Artilharia antiaérea dos exércitos
Conforme o país, as artilharia antiaérea de um exército pode constituir uma vertente da arma de artilharia ou pode constituir ela própria uma arma separada. Por exemplo, nos exércitos Alemão e dos EUA, a artilharia de defesa aérea constitui uma arma separada da arma de artilharia, enquanto que nos exércitos Português e Brasileiro a artilharia antiaérea faz parte da arma da artilharia.
Os exércitos, normalmente, dispõem de uma defesa antiaérea em profundidade que inclui desde os sistemas de artilharia antiaérea de longo alcance, contra objetivos a alta e média altitude (como o norte-americano MIM-104 Patriot e o russo S-300) até aos sistemas de defesa próxima portáteis, contra objetivos a baixa e muito baixa altitude (como o norte-americano FIM-92 Stinger e o russo 9K38 Igla).
Os sistemas contra objetivos a média e alta altitude servem, normalmente, para obrigar as aeronaves a voar a baixa e muito baixa altitude de modo a poderem ser empenhadas pelos sistemas antiaéreos de curto alcance.
Para uma eficiente defesa antiaérea, além dos sistemas de curto e de longo alcance, têm de existir sistemas intermediários. Estes, acompanham normalmente as brigadas de manobra de infantaria ou de carros de combate e consistem em sistemas AA auto-propulsados canhão (como o russo 9K22 Tunguska e o alemão Gepard) ou míssil (como o franco-alemão Roland e o russo 9K33 Osa).
Além dos anteriores, alguns exércitos ainda mantém sistemas fixos de canhão automático (como o alemão bitubo de 20 mm Rheinmetall 202 ou o próprio sueco de 40 mm L/70 Bofors) para defesa de pontos sensíveis contra aeronaves a baixa e muito baixa altitude que, no entanto, apresentam já muitas limitações para defesa antiaérea moderna.
Para lá da artilharia antiaérea propriamente dita, algumas armas de infantaria (como metralhadoras e lança-mísseis anticarro) podem ser empenhadas para autodefesa antiaérea das unidades de manobra, apresentando alguma eficácia sobretudo contra helicópteros.
Defesa aérea nas forças aéreas
A defesa aérea a cargo das forças aéreas é normalmente efetuada por aviões de caça, armados com mísseis ar-ar, orientados a partir de estações radar de detecção, alerta e conduta de intercepção. Além disso, a maioria das forças aéreas dispõe de sistemas superfície-ar para defesa antiaérea das suas bases aéreas.
Nos países onde a defesa antiaérea estratégica também está atribuída à força aérea, esta opera igualmente sistemas míssil superfície-ar de longo alcance, muitas vezes lançados a partir de bases fixas.
No caso dos países que dispõem de uma força de defesa aérea independente, a força aérea é essencialmente uma força de ataque e de transporte, só operando os caças necessários à proteção das suas formações aéreas. Nestes países, os interceptores e os sistemas de detecção, alerta e conduta de intercepção estão a cargo da sua força de defesa aérea.
Defesa antiaérea de área
A defesa antiaérea de área constitui a defesa de uma zona ou área alargada, em oposição à defesa de um ponto específico. Tem como objetivo, não só a defesa antiaérea local de pontos sensíveis, mas também a defesa antiaérea de todo - ou pelo menos de grande parte - do território de um país, sobretudo das suas áreas mais populosas e mais desenvolvidas. Conforme a doutrina do país, historicamente, a defesa antiaérea de área tem estado a cargo tanto dos exércitos como das forças aéreas. No caso dos países com forças de defesa aéreas independentes, está a cargo destas.
A defesa antiaérea de área emprega sistemas de armas de longo e de médio alcance, capazes de interceptarem uma ameaça aérea antes de atingir a área protegida. Em alternativa, pode empregar uma rede maciça de sistemas de armas cobrindo a área protegida que, neste caso, pode ser baseada em sistemas de curto alcance.
Supressão das defesas aéreas
A capacidade e a enorme ameaça que as defesas antiaéreas constituem contra a supremacia aérea das grandes forças aéreas, levou ao desenvolvimento de meios e táticas para as suprimir. A supressão das defesas aéreas inimigas acabou por se tornar numa das principais missões das forças aéreas, sobretudo a partir da Guerra do Vietnam, onde a Força Aérea dos EUA teve que enfrentar pesadas baixas vítimas da defesa antiaérea Vietcong. Para essa missão, os EUA desenvolveram e empenharam aeronaves especiais, conhecidas como "Wild Weasel" (fuinha selvagem), especialmente concebidas para a supressão das defesas aéreas inimigas. As Wild Weasel foram inicialmente baseadas em caças F-105 Thunderchief e depois em F-4 Phantom. Mais tarde, as Forças Aéreas Soviéticas iriam enfrentar o mesmo problema no Afeganistão. Sistemas de armas dedicadas a esta missão - como os aviões especializados e os mísseis antirradar - e avançados sistemas de informação e contramedidas eletrônicas procuram suprimir ou impedir a eficiência de um sistema de defesa aérea inimigo.
A supressão das defesas aéreas e a resposta por parte das mesmas tornou-se no jogo do gato e do rato. À medida que são desenvolvidos melhores sistemas de empastelamento, contramedidas, armas antirradar e outros meios antidefesas aéreas, também são desenvolvidos melhores sistemas de defesa antiaérea, com melhores contra-contramedidas eletrónicas e com a capacidade de abaterem mísseis antirradar.
Ver também
- Arma espacial
- Artilharia
- Guerra aérea
- Míssil superfície-ar
Referências
- BORGES, João Vieira, Armamento do Exército Português (Vol. II - Armamento de Artilharia Antiaérea), Lisboa: Editora Prefácio, 2007
- HOGG, Ian V., Allied Artillery of World War 2, Malborough: The Crowood Press, 1998
- ROUTLEDGE, N. W., History of the Royal regiment of Artillery - Anti-Aircraft Artillery 1914 - 55, Londres: Brassey's, 1994
- FOSS, Christopher F., MILLER, David, Guerra Moderna (Vol. 4 - Blindados e Artilharia), São Paulo: Editora Nova Cultural, 1987
- Handbook for the Ordnance, Q.F. 3.7-inch Mark II on Mounting, 3.7-inch A.A. Mark II - Land Service, Londres: War Office, 1940.
- BETHEL, H.A., Modern Artillery in the Field, Londres: Macmillan and Co Ltd, 1911
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